“A burguesia, na acepção original do termo, sempre foi formada por uma classe de poupadores, de
pessoas que honravam suas palavras e respeitavam seus contratos, de pessoas que tinham uma
profunda ligação à família. Essa classe de pessoas se importava mais com o bem-estar de seus filhos,
com o trabalho e com a produtividade do que com o lazer e o deleite pessoal.
As virtudes da burguesia são as tradicionais virtudes da prudência, da justiça, da temperança e da
fortaleza (ou força). Cada uma delas possui um componente econômico – vários componentes
econômicos, na verdade.
A prudência dá sustento à instituição da poupança, ao desejo de adquirir uma boa educação para se
preparar para o futuro, e à esperança de poder legar uma herança aos nossos filhos.
Com a justiça vem o desejo de honrar os contratos, de dizer a verdade nos negócios e de fornecer uma
compensação para aqueles que foram injuriados.
Com a temperança vem o desejo de se controlar e se restringir a si próprio, de trabalhar antes de folgar, o
que mostra que a prosperidade e a liberdade são, em última instância, sustentadas por uma disciplina
interna.
Com a fortaleza vem a coragem e o impulso empreendedorial de se deixar de lado o temor desmedido e
de seguir adiante quando confrontado pelas incertezas da vida.
Essas virtudes são os fundamentos tradicionais da burguesia, bem como a base das grandes
civilizações.
Porém, a imagem invertida destas virtudes mostra como o modo virtuoso do comportamento humano
encontra seu oposto nas políticas públicas empregadas pelo estado moderno. O estado se posiciona
diretamente contra a ética burguesa, sobrepujando-a e fazendo com que seu declínio permita ao estado
se expandir em detrimento tanto da liberdade quanto da virtude.” (Lew Rockwell, em A burguesia e suas
virtudes cardinais; o Estado e seus pecados capitais)